Sentidos

Encontrar o seu propósito de vida

por Angélica Banhara, jornalista e colunista do Jornal O Globo

Eu gosto da definição do dicionário Oxford: maturidade é uma condição de plenitude — em arte, saber ou habilidade adquirida. Se tem uma coisa que a maturidade nos traz é sabedoria. E vejo nela mais pontos positivos que negativos. 

Sim, maturidade tem a ver com envelhecer. Começamos a envelhecer desde que nascemos: é biológico, é natural. Só não envelhece quem já morreu. 

Tenho 57 anos. Sou jornalista e trabalho com a área de saúde e bem-estar há 30 anos. Meu interesse por maturidade saudável e longevidade é tanto pessoal quanto profissional.  

Meu ideal de maturidade inclui fazer trilhas na natureza, continuar frequentando shows na pista para poder dançar, carregar minhas compras, subir escadas, viver e viajar com autonomia e, ao mesmo tempo, estar sempre perto da família e rindo da vida com os amigos. 

A expectativa de vida no Brasil é de 75,5 anos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) — 79 anos para mulheres e 72 para os homens. Mas o bônus do aumento dessa expectativa de vida só vale se for acompanhado de mais qualidade de vida. Por isso conversa aqui é sobre viver mais e melhor, prolongar a saúde e a autonomia. Não é sobre rejuvenescer ou voltar no tempo. 

Como todas as fases da vida, a maturidade tem prós e contras. Para nós, mulheres, a ciranda hormonal leva a alterações do sono, o metabolismo tende a ficar mais lento, há perda de músculos (que pode ser contida com musculação), flacidez da pele, mudanças na libido. 

Por outro lado, junto com a sabedoria vem o discernimento em relação àquilo que realmente importa na vida e a consequente coragem de dizer “não” para o não queremos ou não vale a pena, sem se preocupar tanto se estamos agradando o outro. 

A maturidade convida à auto-observação, que leva ao autoconhecimento e à valorização do autocuidado. É uma oportunidade de entender que precisamos de (e merecemos) um tempo para desacelerar e cuidar melhor da gente. 

SAÚDE E LONGEVIDADE

É aí que entra um olhar mais atento à nossa saúde, que, segundo a própria OMS (Organização Mundial da Saúde), vai além da ausência de doença, pois se trata de um estado de completo bem-estar físico, mental e social. É tudo o que a gente quer e precisa, concorda? 

A saúde feminina vive um momento de busca por alternativas naturais. E a antroposofia (e a Weleda) podem contribuir muito, porque vêem o ser humano de maneira integrada — corpo, mente, emoções —, respeitando a individualidade de cada um. 

Cuidar da pessoa e não da doença: a medicina integrativa, assim como a antroposofia, são práticas com foco em promoção da saúde. É muito mais efetivo tratar a saúde e o equilíbrio da pessoa antes que ela adoeça, já que o adoecimento é um processo que pode ser evitado, interrompido, modificado ou acelerado dependendo do nosso estilo de vida, das escolhas que fazemos no dia a dia. 

Movimentar o corpo com atividades que tragam prazer (o exercício produz endorfina e serotonina, hormônios que garantem bem-estar e ajudam a dormir melhor), comer alimentos frescos e nutritivos, priorizando o que vem da natureza, cuidar da qualidade do sono, aprender a lidar melhor com o estresse, se permitir momentos de silêncio e estreitar a conexão com a família e os amigos são atitudes que comprovadamente promovem saúde e o equilíbrio físico e mental. 

MENOS COBRANÇAS

Nós, mulheres, sofremos uma pressão social desproporcional para corresponder a padrões sociais, profissionais e estéticos. Vivemos uma era de superexposição nas redes sociais, inclusive a tratamentos invasivos, suplementos duvidosos e pílulas milagrosas que propõe perfeição e juventude. O esforço para corresponder a tudo isso pode gerar a desconexão com as necessidades do nosso corpo e da nossa saúde.  

Também nos cobramos para atingir padrões produtivos e sociais que podem ser desumanos. Temos ciclos que exigem mais descanso e silêncio e outros em que contamos com maior energia e disposição. A aceleração que a rotina frenética exige pode nos impedir de entender a nossa natureza cíclica, as nossas necessidades. Daí a importância de desacelerar: fazer uma pausa e respirar fundo. 

Esse texto é um convite para você refletir se está se cobrando demais a ser uma supermulher. E uma proposta para uma abordagem mais gentil consigo mesma. Cuide-se como você cuidaria de uma amiga muito querida, da sua mãe, da sua filha. E observe atentamente a realidade do seu corpo, da sua mente, do seu espírito.  A sua integração pode começar agora mesmo… 

Recentemente, fiz uma live sobre Maturidade sem Tabu pelo Instagram @weledabrasil , com a influenciadora digital Priscila Barros, a @pri.meiramente . Passa lá para conferir e deixa o seu comentário! 

Aproveita e responde aqui a pergunta inicial desse texto: O que a maturidade significa para você?