Sentidos

O maternar e a biografia humana

A maternidade como um processo de autoconhecimento

A maternidade nas fases da vida

Rudolf Steiner, o fundador da Antroposofia, acreditava que a vida humana é composta por diferentes estágios de desenvolvimento - setênios -, cada um com sua própria missão e significado.

A maternidade, nesse contexto, surge como um momento de transição importante na biografia de uma mulher, marcando a entrada em uma nova fase de vida.

Na gestação, a mulher é convidada a se conectar profundamente com sua própria essência e com a essência do ser que está se desenvolvendo em seu útero.

É um momento de redescobertas e superação. Essa experiência pode ser vivida de maneiras diferentes, de acordo com o setênio pelo qual a mãe esteja passando, pois, de acordo com a Antroposofia, cada setênio é marcado por importantes transformações na vida do ser humano.

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Para entender melhor, vamos usar como exemplo a diferença entre uma gestante mais jovem e uma mais madura. A maternidade vivida no segundo setênio (de 14 a 21 anos) ou no terceiro setênio (de 21 a 27 anos) pode ser uma experiência ainda mais desafiadora e complicada.

Isto porque o segundo setênio é marcado por emoções muito soltas, pouca maturidade, equilíbrio e um “eu” ainda não formado. Essa mulher não possui consciência suficiente do que é ser mãe, dos cuidados com uma criança e das responsabilidades necessárias para criar um outro ser. Além disso, ela possui a dificuldade de se ver como mãe, de abraçar esse novo papel em sua vida.

No terceiro setênio, a mulher está em uma fase de descobrir o universo. É o momento em que ela tem um ímpeto natural de se lançar ao mundo e descobrir o que ele tem para oferecer. De viver o que chamamos de a “alma das sensações”. É o voar de um pássaro do ninho, em busca de novos horizontes.

O maternar, no entanto, é voltar-se para o ninho que está sendo criado. É buscar a reconexão com o seu eu interior, desejos que são contrários aos vividos nos primeiros setênios e que podem ser conflitantes para essas mães muito jovens.

Algo interessante de observar é o momento vivido pelas mulheres durante o quinto setênio, entre 28 a 35 anos. Esse setênio é marcado pela crise de talentos e de identidade, é também um momento materialista, em que a mulher está muito voltada para as questões profissionais e de metas pessoais. Nesta fase organizacional, a maternidade por ter um outro significado também, levando em consideração o momento vivido.

Por isso, é comum ver nessa fase mulheres que programaram suas gestações de acordo com suas demandas de vida. Inclusive, é um comportamento muito visto na atualidade, quando as mães “adiam” a maternidade para poder manter o equilíbrio entre a carreira profissional e a vida social, sem que para isso seja necessário ter que puxar o freio de mão ou atrasar seus planos.

Podemos notar que as mais maduras conseguem lidar com as questões da maternidade com mais tranquilidade e sensatez, ao mesmo tempo em que são observadoras, atentas e dedicadas consigo mesmo e com o outro.

Sua experiência de vida faz com que essa mãe, de fato, abrace o papel da maternidade com propriedade.

Um acontecimento importante ocorre aos 37 anos na vida de cada mulher. De acordo com Rudolf Stein, é o momento do segundo “nó lunar”. Nesse momento da vida, a posição dos astros estão alinhadas da mesma maneira do dia do aniversário da pessoa e um portal é aberto, fazendo com que nossa conexão com o nosso propósito de vida fique mais clara.

Por isso é muito comum que aos 37 anos as mulheres passem por grandes transformações, seja mudando de carreira, casando-se, engravidando, etc.

A maternidade, portanto, será vivida junto com os desafios e responsabilidades de cada setênio. Por isso, é importante compreender mais sobre essas fases e como elas podem impactar nesse momento tão especial na vida de uma mulher.

As características de cada filho

As personalidades dos filhos vão ser influenciadas pelo momento de vida da mãe. Dessa maneira, cada criança possui características especiais que vão variar de acordo com a ordem de nascimento de cada um.

No livro “Irmãos e irmãs” - 1995, 2ª edição, editora ANTROPOSÓFICA -, o médico pediatra Karl König explica um pouco do que pode ser observado em cada filho.

 

1 - Primeiro filho: ele é o precursor e detentor das expectativas dos pais.
Assim, é natural que esse filho (a) busque sempre agradar seus
genitores, sendo um filho que dá mais “segurança” e previsibilidade
aos pais.

2 - Segundo filho: possui uma personalidade mais “desafiadora”, é
atrevido e tende a exigir maior atenção dos pais por dar mais
trabalho.

3 - Terceiro filho: é o desgarrado. Ele vive a interiorização de suas
próprias necessidades sem apego ou obrigação de agradar a todos.

A partir do quarto filho, a contagem volta para o número um, tendo o quarto filho as características do primeiro e assim por diante. 
Claro, essa classificação não é uma regra! Cada personalidade será moldada de acordo com o desenvolvimento e relacionamento dessas crianças junto dos pais.

 

Deixando de ser filha e tornando-se mãe

Segundo a Antroposofia, a maternidade é um momento de vida e morte. Para fazer nascer o ser gestado, a mulher deve deixar morrer o seu antigo eu, ela deixa de ser filha e torna-se uma mãe.

E uma vez que passa por essa experiência sublime da maternidade, o mundo de uma mulher nunca mais será o mesmo. O processo emocional de deixar ir o seu “antigo eu” é chamado na antroposofia de luto.

Esse luto é vivido por todas as mulheres, é um momento difícil, de ajuste e aceitação de sua nova condição.

O puerpério, as novas demandas, as inseguranças e as exigências da sociedade acabam afetando a saúde emocional de diversas mães, que acabam sentindo-se oprimidas. Nesse momento, é essencial que as mulheres sejam apoiadas e respeitadas. Afinal, quem disse que mãe também não precisa de colo?

Auxiliar essas mulheres a retomarem seu equilíbrio, respeitando seu processo e, ao mesmo tempo, permitir que vivam cada momento com intensidade são a chave para que passem por essa fase difícil e encontrem seu novo ritmo de vida!

É preciso permitir-se viver esse momento sem muitas regras, se libertando dos conceitos anteriormente estabelecidos e voltando o olhar para si mesma. Conectando-se profundamente consigo e redescobrindo a nova mulher que você vai ser.

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